Articulista: Matheus Alves Inocêncio
Começava o dia bombardeado por informações desconexas. Tratava-se de um escultor apto a formar sua arte para a sociedade. O trabalho era muito exaustivo, pois deveria conversar com os vivos e os mortos, mesmo que não estivesse preparado para tal feito. O seu café da manhã era marcado por ofensas e ironias, que este não poderia fazer. Sua profissão desvalorizada em função do trabalho braçal, porque qualquer um poderia ser escritor, bastasse que fizesse uso de acidez para acirrar a dicotomia política.
Adorado pela oposição, mas odiado pelo governo. Postura compreensiva por aqueles que não sabem lidar com críticas. Não precisava ter um alinhamento político para ser atacado por amplos setores da sociedade. Um caso de corrupção, uma incitação ao ódio, uma contradição e uma falácia, era o suficiente para que fosse chamado de golpista. Tornou-se insuportável a escrita que não era conveniente, mas será que a mídia deveria ser “governista”? Em nossa jovial experiência de uma democracia plena, quantos foram demonizados, vilipendiados e desvalorizados por apenas exercerem a sua profissão. A inquisição contra os formadores de opinião advém de uma necessidade de manter o homem comum dócil para o governo, mas violento contra a imprensa. Essa precisou disputar espaço com as mídias sociais e a famigerada “liberdade de expressão “moralista, tudo vale, contanto que não abale o status quo do patrimonialismo.
Vivemos inúmeras experiências de arbitrariedades que prejudicaram massivamente o trabalho jornalístico. Basta que se lembre das diversas ocasiões do fechamento do congresso, das constituições autoritárias, de departamentos que controlaram a imprensa e órgãos repressores que prenderiam “subversivos”. Talvez o leitor se pergunte qual a necessidade de se fazer a defesa do jornalismo. Bom, para todos que sonham com um mundo livre de qualquer improbidade, esse texto não tem a mínima relevância. Longe de devaneios e sandices, o direito à informação tem a capacidade de despertar a criticidade, a desvalorização da imprensa representa a adesão ao estado arbitrário.