Livre-se da dor e amargura dos ressentimentos
O pai que nunca elogiava, mas estava sempre pronto a Criticar; o chefe injusto que nos entregou a carta de despedimento; o cônjuge que era infiel. Eis as pessoas que nos magoaram de tal forma que podemos levar anos a recuperar, se é que alguma vez o conseguiremos. Estamos ressentidos. Dizemos-lhes as piores coisas que conseguimos (ou pensamos naquilo que gostaríamos de ter dito). Queremos vingança.
Mas, na realidade, a melhor forma de nos sentirmos satisfeitos é o oposto da vingança: dizer «perdoo-te» poderá ser a atitude mais nobre que alguma vez tomaremos. Perdoar não significa ceder; significa esquecer. Quando perdoamos, deixamos de estar emocionalmente agrilhoados à pessoa que nos fez mal.
Uma sobrevivente de maus tratos na infância diz: «O perdão liberta-nos do pesadelo de outra pessoa, permitindo-nos viver em estado de graça.» Se perdoar alguém nos faz sentir tão bem, por que será que tanta gente arrasta consigo tanto ressentimento? Uma explicação poderá ser a compensação pelo sentimento de impotência que sentimos quando alguém nos magoou. As pessoas poderão sentir-se mais poderosas quando cheias de raiva. Mas o perdão incute uma sensação de poder muito maior. Quando perdoamos, recuperamos o nosso poder de escolha. Não importa se o outro merece perdão; impor ta que nós merecemos ser livres.
Outra razão por que poderemos recusar o perdão é o medo de parecer que somos fracos ou que capitulamos. Há quem pense que desculpar é o mesmo que dizer que se estava errado e que a razão estava do lado da outra pessoa. Mas perdoar não é libertar a outra, pessoa. É tirarmos o punhal que nos espetaram nas nossas próprias costas. O perdão liberta a ex-mulher que permanece amargurada com o ex-marido, o empregado preterido numa promoção ou o parente que não foi convidado para um casamento.
Em muitos casos, a outra pessoa nem sequer está ciente do nosso descontentamento enquanto nos dilaceramos com a amargura, a pessoa que nos magoou não sente nada. O perdão é bom tanto para o corpo como para a alma. O passado fere-nos de cada vez que o revivemos e isso prejudica-nos a saúde. Está provado que o simples recordar do incidente que nos magoou é prejudicial para o coração. E os sentimentos negativos que provocam stress também são geralmente apontados como responsáveis pela tensão alta, pelas doenças coronárias e pela maior susceptibilidade de contrair outras doenças.
Apesar de as dores mais terríveis poderem ser infligi das em apenas alguns minutos, perdoar o culpado pode demorar bastante mais tempo. Ao princípio, experimentamos sentimentos negativos como a raiva, a tristeza e a vergonha. Depois, tentamos compreender o que se passou ou ter em conta as circunstâncias atenuantes.
Por fim, aprendemos a ver a pessoa que nos magoou com outros olhos. Numa perspectiva mais ampla, a pessoa que nos fez sofrer aparece-nos como alguém que estava fora de si, fraca, doente ou inconsciente do mal que fazia. Alguns de nós poderemos nunca atingir o estádio final do perdão. Aqueles que sofreram traumas de infância devidos a pessoas de quem gostavam e em quem confiavam poderão achar este processo particularmente difícil. No entanto, até um perdão parcial poderá ser benéfico. Se pretende aprender a perdoar, mas não sabe como começar, siga estas sugestões:
Faça a experiência com os ressentimentos menores.
O perdão daquelas coisas menores (o empregado que nos prejudica no troco ou o condutor que nos bloqueia o caminho) prepara-nos para a tarefa mais difícil de perdoar as ofensas graves.
Liberte-se dos maus sentimentos.
Confidencie a sua raiva ou desilusão a um amigo ou conselheiro próximo. Conseguirá assim sentir a fortalecedora experiência de ser ou vido. Poderá descarregar aquilo que sente sem o perigo de dizer ou fazer algo de que se arrependerá mais tarde. As estratégias de libertação da agressividade, como esmurrar uma almofada, ajudam. Se estiver mais triste que zangado, escreva um diário. Mas evite atitudes negativas de raiva, como conduções descuidadas, bater de portas ou partir objectos.
Escreva uma carta à pessoa que o magoou.
Exponha a verdade daquilo que aconteceu de acordo com a sua perspectiva, sem acusar nem julgar. Utilize frases na primeira pessoa do singular: «Creio que … », «Não compreendo … », etc. Descreva o impacte que o comportamento da outra pessoa teve sobre si e exprima o seu desejo de ouvir o que ele ou ela sentem acerca do sucedido, para que a questão se resolva. Deverá enviá-la pelo correio? Se puder, faça-o. Mas se a pessoa que lhe causou sofrimento estiver morta ou incapacitada de ouvir aquilo que tem para dizer-lhe, alguns conselheiros aconselham a queimar a carta, uma forma simbólica de deixar que a sua raiva se desvaneça em fumo.
Não veja o confronto como necessário.
Em casos de incesto, tentativa de violação ou outros actos criminosos, as vítimas podem evitar perdoar ao agressor porque temem confrontá-lo. E não é realmente necessário enfrentá-lo. O perdão poderá dar-se sem influência ou conhecimento alheios. As pessoas que perdoamos podem nunca compreender que nos fizeram mal, ou nunca saber que as perdoámos. Podem ser alcoólicos que não compreendem aquilo que tentamos dizer. Podem negar tudo. O que importa é que nos libertemos da nossa raiva.
Ouça com empatia.
Se chegar a confrontar-se com o seu agressor, ouça em silêncio, repetindo depois aquilo que acaba de ouvir. Ao fazê-lo, começará a ver o seu comportamento de outra forma, tornando-se mais tolerante, o que poderá levar ao perdão.
Medite ou reze.
«Errar é humano, perdoar é divino», escreveu o poeta Alexander Pope. «Vire-se para a sua espiritual idade ou fé», sugere Maureen Burns. «Perdoar poderá exigir mais do que temos para dar só por nós.»
Não pense que perdoar é esquecer.
Porque não é. Não conseguimos esquecer os traumas, nem deveríamos fazê-lo. Essas experiências ajudam-nos a não sermos vítimas novamente e a não ferirmos os outros.
Olhe para o futuro.
Ao fazê-lo, poderá beneficiar da perspectiva que o tempo lhe proporciona, sem ter de esperar anos para conseguir alcançá-la. Veja o caso de duas irmãs que se zangaram numa discussão sobre quem cuidaria da sua mãe doente. A que vivia mais perto da mãe não gostava de ter de cuidar dela todos os dias, enquanto a que vivia mais longe se limitava a enviar cheques. Por fim, a irmã que se zangara perguntou-se o que pretendia para o futuro.
«A resposta foi: «Quero ter uma boa relação com a minha irmã», diz ela. «A única forma de atingir esse objectivo era ultrapassar a minha raiva e perdoar-lhe.» Hoje, conseguem falar da mãe sem trocar palavras duras, e a irmã que vive mais longe revela-se mais disposta a telefonar aos médicos e a participar na tomada de decisões. O perdão leva à paz interior. Depois de termos perdoado, rimo-nos mais, temos sentimentos mais profundos, sentimo-nos mais ligados aos outros. E os bons sentimentos que geramos prepararão o caminho para uma cura dos traumas ainda mais completa.
Fonte: Stressnet
quer ser feliz por um dia se vingue, quer ser feliz pra sempre perdoe.